Tenho relutado muito em desenvolver algumas considerações sobre este tema, não por não ter nada a dizer mas, ao contrário, porque temo que o que tenho a dizer irá contrariar convicções arraigadas em um grande número de amigos militantes dos diversos movimentos de afirmação da negritude, gente de qualidade que, com a melhor das boas intenções encara, a meu ver, de uma maneira racista a questão da discriminação racial.E decidi fazer isto a propósito de uma estatística divulgada através de um artigo escrito pelo professor de geografia Emanuel Vital que será publicado, nos próximos dias, no Portal do Sertão .
O autor se declara membro do grupo de consciência negra “Quilombo do Rosário”, de Oeiras-PI.As estatísticas referidas separam os brasileiros em negros e brancos (além de pardos, mulatos e sei lá o que mais).O autor se detém apenas nos dois primeiros. E as estatísticas concluem que os brancos são mais abastados economicamente, melhor educados, tem maior expectativa de vida e por aí vai.Não contesto as estatísticas, nem o articulista. O que contesto são os critérios racistas que nortearam a pesquisa. Quem faz as perguntas predispõe as respostas. Também não contesto a evidência de que a polícia, por exemplo, suspeita sempre dos negros antes dos brancos. Mas isto se chama discriminação racial. E não é com racismo que ela se combate, bem ao contrário,Ninguém é bobo. Não se trata de dizer que a pele das pessoas não varia de coloração. Também não se trata de negar a História, e o professor-articulista muito bem destaca que os negros no Brasil são, na sua absoluta maioria, descendentes de escravos. Que seus avós, bisavós e tataravós foram explorados, humilhados, espancados e chicoteados, apartados da própria cultura e privados de educação e de liberdade. Nada disto se pretende negar.Dizem que a escravidão é uma mancha na nossa história. Que dela devemos nos envergonhar. Mas da história não se deve esperar lições de moral.
Falando sobre a História Lenine, a quem não está muito em moda citar, dizia que ela “não serve nem para rir, nem para chorar, mas para compreender”. Então a escravidão deve ser profundamente estudada e não hipocritamente lamentada. Quanto ao racismo, ele se perpetuará enquanto dividirem os homens em brancos e negros, arianos e judeus, judeus e árabes, seja por que próposito for, de valorizar ou detratar uma raça ou religião em relação às outras. Enquanto a Humanidade não for encarada como uma só, presente em cada um de nós, teremos de concordar com Engels, outro banido dos manuais de citações em voga. Para ele vivemos ainda a “Pré-História da Humanidade”.
Beijos e abraçosdo Joca Oeiras, o anjo andarilho
Portal Overmundo:
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