sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Claudomir admite disputar a prefeitura de Pirambu


Claudomir admite disputar a prefeitura de Pirambu

O ano 2008 reserva para o professor Claudomir Tavares da Silva agradáveis momentos de sua vida pessoal e profissional, o que não pode ser atividade política. Algumas coincidências estão marcadas para acontecer no ano em que o fundador da Tribuna da Praia comemora 40 anos de vida com uma intensa passagem pelas páginas da História de Pirambu.

Professor concursado da rede pública estadual desde 1988 (há 20 anos) e da rede municipal desde 1998 (há 10 anos), Claudomir Tavares da Silva iniciou sua militância política no movimento estudantil, ao lançar m 23 de agosto de 1983, há 25 anos, a pedra fundamental para o surgimento da organização dos estudantes, que faria surgir em 1993 o Grêmio Livre Estudante Janelson Santos na Escola Estadual José Amaral Lemos.

Fundador do Partido dos Trabalhadores em 14 de dezembro de 1985, publicou a História deste partido em sua monografia de conclusão do curso de História na Universidade Federal de Sergipe em 2002. Desfilou-se do PT em 2003, para junto com um novo grupo de companheiros ajudar a construir o Partido Verde em nossa cidade, do qual é secretário estadual de formação política.

Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista concedida pelo professor Claudomir Tavares ao Blog dos Professores, que inicia uma série de entrevistas com os prováveis professores candidatos a cargos majoritários (prefeito e vice-prefeito) e proporcionais (vereador) nas próximas eleições.

Blog dos Professores – O professor Claudomir é candidato a prefeito?

Claudomir Tavares – Ainda que esta decisão tivesse sido tomada em definitivo pelo meu partido (PV), a legislação eleitoral apenas me permitiria dizer que no momento sou pré-candidato a prefeito. Dentro do PV temos algumas posições tomadas como definitivas: aqui em Pirambu, em hipótese alguma, faremos composição com os pré-candidatos André Moura (PSC) e José Nilton (PMDB), uma vez que, apesar de não termos nada pessoalmente com ambos, identificamos que os mesmos representam os mesmos projetos políticos, sendo assim faces de uma mesma moeda. Em nenhum momento o PV decidiu nossa candidatura como algo imperativo, inclusive propondo um leque de alianças que inclua o PT, o PC do B e o P-SOL. O nosso nome, como dos companheiros Júnior Soledade, Cláudio Biriba, entre outros destacados quadros do Partido Verde, são propostas para discussão entre as forças que aceitarem discutir uma proposta democrático-popular para Pirambu. Defendemos que primeiro se discuta um projeto político que passe Pirambu a limpo, os nomes dos candidatos a prefeito e a vice-prefeito seriam uma outra etapa.

BP – Você se acha preparado para disputar a prefeitura de Pirambu?

CT – A vida me ensinou que devo nortear meus passos pelo caminho da humildade, descartando toda e qualquer via da arrogância. Sem falsa modéstia, e com todo respeito que eles merecem, me sinto o mais preparado entre todos os pré-candidatos até aqui apresentados. E apresento as razões: Em 28 de julho comemoro 40 anos de vida. Em 11 de agosto comemoro 20 anos de magistério, como professor do Colégio Estadual José Amaral Lemos (intercalado pelos quatro anos em que trabalhei em Propriá). Em 04 de maio comemoro 10 anos como professor da rede municipal, tendo exercido as atividades nas escolas Silvino Antônio de Araújo (Aguilhadas) e Mário Trindade Cruz (Pirambu), da qual fui diretor com altos índices de aprovação de 2001 a 2002. Ingressei nas duas redes de ensino através de concurso público, alcançando colocações de destaque, como a 13ª para professor da rede estadual em 1988 e a 7ª para professor da rede municipal em 1998. Fomos o primeiro Diretor de Cultura de Pirambu (2002/2004), promovendo um conjunto de ações valorizando a cultura popular. Este ano comemoro 25 anos de militância política, que teve início no movimento estudantil, sendo eu quem lançou suas bases para dez anos depois nascer o Grêmio Estudantil no Colégio Estadual José Amaral lemos. Há 25 anos lançávamos a Tribuna da Praia, hoje um patrimônio cultural não só de Pirambu, mas de todo o estado de Sergipe. Sempre estudando em escola pública (povoado Canal – Barra dos Coqueiros, povoado Fleixeiras – Santo Amaro das Brotas, Amaral Lemos – Pirambu, Albano Franco e Emiliano Nunes de Moura – Japaratuba), fui aprovado em dois vestibulares na Universidade Federal de Sergipe, sendo um deles em 1º lugar. Praticamente todos os documentos produzidos sobre História, Geografia, Cultura, Política, Economia e boa parte daqueles sobre meio ambiente, cidadania, liberdade, democracia, tem a nossa assinatura. Recentemente fiz um curso de pós-graduação ‘latu sensu’ em Metodologia e Didática do Ensino Superior (Faculdade São Luís) e estamos em andamento com o Curso de aperfeiçoamento em Gestão de Recursos Hídricos (Universidade Federal de Sergipe). Juntamente com ambientalistas da região, fundamos e dirigimos a Sociedade Sócio-Ambiental do Vale do Japaratuba (SOS Rio Japaratuba). Como membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, fomos indicados pelos representantes da UFS e UNIT e eleitos Secretário Geral do Colegiado. Acredito que reúno as credenciais que me legitimam disputar, se este for à intenção dos companheiros do PV, a prefeitura de Pirambu, me colocando desde já na condição de pré-candidato.




















BP – Com quais partidos vocês tem estabelecido contatos para formação de uma possível aliança?

CT – Veja bem. O nosso partido ainda não iniciou procedimento de conversação com nenhum partido. No momento existe um leque de alianças, e aí estão incluídos o PC do B, o PSOL e o campo democrático do PT. Particularmente defendo que depois de discutirmos um projeto político, o nome que melhor estiver colocado, deve ser o candidato a prefeito. O partido que não tiver o candidato a prefeito e que tiver a melhor estrutura, mais consolidada estrutura e consistente chapa proporcional (de vereadores), deve indicar o candidato à vice e os demais, compõe a chapa proporcional, com os mesmos direitos de não só participar da campanha, mas de governar de forma coletiva, compartilhada.

BP – Como o Partido Verde está estruturado para esta campanha?

CT – Independente da formação de uma aliança política e eleitoral, o PV é talvez o único partido da oposição (não considere o PMDB oposição, pois está ou esteve recentemente no comando da prefeitura com Moacir e Antônio Santana) que tem uma chapa completa de candidatos a vereadores. Poderíamos, tranqüilamente sair sozinhos, mas acreditamos na sensibilidade dos possíveis aliados, que não tem uma chapa completa, para nos unirmos e formarmos uma chapa competitiva, o que elegeríamos um vereador do PT, do PV, do PC do B e outro do PSOL. Quanto a isso, não tenhamos a menor duvida. Sozinho, é possível a eleição de um do PT, um do PV, içando sem representação o PC do B e o PSOL.

BP – Haveria lugar para o PSB nesta composição?

CT – O PV não tem preconceito nem impõe vetos a nenhum partido político, principalmente ao PSB, que além de ter em seus quadros nomes que acrescentam a política local, sempre tivemos pelos mesmos uma relação respeitosa, mesmo quando nos encontrávamos em lados opostos. Não vejo problema, desde que eles aceitem construir este projeto coletivamente, inclusive propondo nomes para a chapa majoritária mais à frente. Além do PSB, eu acrescentaria aí outros partidos, a exemplo do PHS e do PRTB, por que não?

BP – Como você vê a manifestação de integrantes da família de Gago afirmando que caso Vado não seja o candidato, apoiarão seu nome para prefeito?

CT – Como um gesto de grandeza, digno de aplausos. É também uma manifestação de humildade de quem tem responsabilidade e compromisso com a nossa comunidade. Evaldo de Carvalho (Gago) foi vereador por dois mandatos (1983/88 e 1989/92) e vice-prefeito (1993/96) de Pirambu. Perdeu uma eleição por menos de 100 votos para prefeito (1996). É a maior liderança popular de Pirambu, sem nunca se afastar do contato com os pescadores, trabalhadores, etc. Evaldo de Carvalho Filho (Vado de Gago) é um dos mais bem posicionados pré-candidatos a prefeito, liderando em algumas, ficando em segundo em outras. Heribaldo de Carvalho (Badinho) foi o segundo vereador mais votado na última eleição, sendo um nome que teria reeleição garantida pela sua atuação marcada pela combatividade. O seu partido, o PT, decide nas prévias de abril se terá candidato a prefeito ou se segue à orientação de parte da direção que deseja colocá-los como sub-legenda de outros partidos. Caso Vado de Gago seja indicado pré-candidato a prefeito, é um nome sim a ser levado em consideração, pela importância que a família de Gago tem em Pirambu. No PT são eles que tem o apoio e respaldo da maioria dos filiados, embora estejam momentaneamente em menor número na Direção Municipal. Caso eles não consigam a indicação, será uma honra ter o apoio de Gago, Vado, Badinho, Vânia, Ninho, Ninha, Val e os companheiros do campo democrático-popular do PT, partido, aliás, que tive a honra de ajudar a fundar em Pirambu, dirigi-lo por várias vezes, de disputar um mandato pela primeira vez e escrever sobre ele a minha Monografia de conclusão de Curso de História na Universidade Federal de Sergipe.

BP – Como a direção estadual tem acompanhado esta discussão?

CT – Com muita expectativa. Através de pronunciamentos de dirigentes nacionais e estaduais do PV, o município de Pirambu foi escolhido numa ordem de prioridade entre aqueles que terão candidatos a prefeito, sendo indicado o nosso nome como o mais sintonizado para assumir esta tarefa. Inclusive fui um dos que no programa eleitoral do segundo semestre de 2007, fui escalado para falar em nome do PV.

BP – Quais seriam as prioridades de uma futura administração do PV em Pirambu?

CT – Não posso falar ainda em prioridades, uma vez que o PV só começa a discutir o Programa de Governo em março. Mas pelo seu caráter e pelo acumulado de debates iniciados desde 16 de março de 2007, o PV pretende despoluir a política, inverter prioridades, governar para a maioria, promover a cidadania, a democracia e a liberdade, sempre em sintonia com a defesa intransigente do desenvolvimento social e sustentável. Com certeza será um debate construído a base de muitas mãos, em vários fóruns de debates, ouvindo vários atores sociais e ainda neste semestre teremos o maior prazer de apresentá-lo para dialogar com a sociedade, a quem cabe, em última instância dar a opinião final.

BP – No caso da educação, quais seriam as propostas para uma administração do professor Claudomir Tavares?

CT – A nossa história, a nossa trajetória tanto na condição de dirigente sindical (foi diretor de imprensa do Sindicado dos Trabalhadores em Educação de Sergipe), tanto na condição de quem teve a experiência de dirigir uma escola da rede municipal por quase 16 meses, depõe a nosso favor. Sempre estivemos na vanguarda da luta por uma escola pública, democrática, de qualidade social. No Mário Trindade, nosso lema era ‘uma escola para todos’, e assim o fizemos, dando voz e vez a todos na construção de um projeto de escola, não uma escola de projetos. O Partido Verde tem dado provas inequívocas do compromisso histórico com as causas da educação, da cultura, do meio ambiente, da democracia, da liberdade, bandeiras que eu refuto como da maior importância.

BP – Quais apoios você tem reunido para esta por enquanto intenção de pré-candidatura?




CT – Os principais incentivadores são nossos dirigentes, militantes e filiados. Há um sentimento de que política é ocupação de espaço, e se não for agora, dificilmente o PV e o povo de Pirambu terá outra chance de chegar à administração municipal. Já temos o sinal verde do nosso presidente nacional José Luiz Penna, do nosso presidente estadual Reinaldo Nunes de Morais, do presidente municipal Júnior Soledade, de professores da rede municipal e estadual, de centenas de estudantes, jovens, donas de casa, desportistas, ambientalistas, amigos que multiplicamos em Pirambu, Vale do japaratuba, Baixo São Francisco, Grande Aracaju.

BP – Como você vê o atual quadro político de Pirambu?

CT – Algumas pessoas tem dito por aí que tem ‘vergonha de dizer em outras cidades que é de Pirambu’. O correto seria dizer que a partir de agora ‘nós precisaríamos ter vergonha na cara’, ter atitude e aproveitar o momento privilegiado da eleição que se realiza em outubro, passando um pente fino, passando Pirambu a limpo. É preciso fazer uma limpeza tanto na Prefeitura quanto na Câmara Municipal, que não tem dado exemplos de comportamento ético. Que se punam os culpados, inclusive e principalmente, estendendo a punição a quem se beneficiou dos vultosos recursos que foram retirados dos cofres públicos nestes mais de 10 anos.

BP – O governador Marcelo Deda parece inclinado para apoiar o pré-candidato do PMDB Zé Nilton a prefeito. Como você vê esta posição do governador Marcelo Deda?

CT – Como cidadão Marcelo Deda temo direito da preferência para com qualquer nome. Como governador, tenho repetido peremptoriamente que ele deveria ter um comportamento semelhante ao do seu compadre, ao se isentar de participar de campanha onde houver disputando a eleição mais de um aliado. Como liderança política, ele deveria ser pelo menos justo. Mas Marcelo Deda está mais perdido que cego em tiroteio ou o personagem do filme ‘o náufrago’ e não tem mais o senso de justiça ou de gratidão. Se ele fosse um homem sintonizado com sua história, olhava para trás e veria que na década de 80, era eu e alguns companheiros então no PT que deram sustentação as suas campanhas para deputado estadual em 1986 e deputado federal em 1994 e 1998. Outros candidatos estavam em palanques opostos. Na época Deda não tinha o poder de atração de hoje, não era o dono da ‘galinha de ovos de ouro’ e todos queriam manter distância do petista. Nós, acreditando em sua coerência, no político que era o símbolo de uma geração, naquele em quem confiávamos o governo de Sergipe, apostávamos em seu projeto político. Na eleição passada, Deda teve o apoio em Pirambu de todos os pré-candidatos que orbitam no que um dia foi à oposição: Zé Nilton (há época no PTB), Dayse Rocha (há época no PT), Vado de Gago (PT), Alexandre Espinheira (há época no PSB), Cabo Galdino (há época no PMN) e este humilde professor, que teve a coragem de não seguir a orientação do Partido Verde, que apoiou João Alves, para estar em paz em sua consciência, votando não só em Déda apara governador, como em Zé Eduardo para senador e Lula para presidente. Votamos em Reinaldo Nunes (PV) para deputado federal e liberamos o partido para deputado estadual, em função do golpe aplicado no diretório local por aquele que seria nosso candidato (hoje no PSB). Mas a política está aí para nos reservar surpresa e Déda tem sido na contemporaneidade uma desagradável surpresa na política sergipana, apesar de acreditarmos que ele ainda possa se reencontrar com sua história, seus princípios e com o povo sergipano, do qual faz parte o povo de Pirambu

BP – O que você tem a acrescentar?


CT – Agradecer o espaço cedido gentilmente pelo Blog dos Professores e dizer que esta iniciativa do blog em entrevistar os possíveis professores candidatos a prefeito, vice-prefeito vereadores é meritosa e não no surpreende, vindo de lideranças com credibilidade, representatividade e legitimidade como são vocês que o integram. Como diz uma música do Jota Quest, ‘dias melhores virão’. Muito obrigado!


Fotos: Arquivo Pessoal e Claudomir Tavares.

Nenhum comentário: