domingo, 15 de junho de 2008

Escolas salvam o Ciclo Junino em Pirambu

Por Claudomir Tavares * | claudomir@infonet.com.br
Em: www.tribunadapraia.com

 



 

 





 


 
Foto: Arquivo/Tribuna da Praia



 


 

Os festejos juninos de Pirambu já foi um dos mais animados da região, quiçá de Sergipe. Eram muitas as quadrilhas juninas, forrozeiros, arraias, fogos, comidas e bebidas típicas. Na última década assistimos estarrecidos a ‘morte anunciada do Ciclo Junino em Pirambu’, conforme denunciamos em um artigo publicado neste portal há um ano.

 

Do Ciclo Junino de Pirambu lembramos dos memoráveis arraias, quadrilhas juninas marcadas por ‘Seu Lulu’, ‘Quinho’, ‘Carneiro’, ‘Marreta’, ‘Edvar’, ‘Davi’, e tantos outros que ao citar estes cometemos involuntariamente a injustiça de estarmos esquecendo-os.

 
Os arraiás


 

Sempre armado em um ponto diferente da cidade, os arraias eram pontos de encontro obrigatórios dos festejos juninos. Praça Nª Sª do Carmo, Rua João Pereira do Nascimento, Rua Rivaldo Araújo (Seu Vavá, ex-General Maynard), Rua da Palmeira, Rua Floriano Peixoto, Rua Filadélfio Dória, entre outras. Estes eram alguns pontos de encontros de quadrilheiros, forrozeiros, que ‘relavam o bucho’ até as primeiras horas da manhã seguinte.

 
Do Casamento a Cavalgada

 

Um dos mais tradicionais marcos do Ciclo Junino de Pirambu eram os imponentes casamentos do maturo, tendo como casal de noivos e demais personagens integrantes das quadrilhas juninas, sempre marcadas por marcadores como ‘Seu Lulu’ e ‘Quinho’. A partir de 1988, por iniciativa dos irmãos Carlos Amaral (Carlinhos) e Walter Amaral (Waltinho), é dado início as célebres Cavalgadas, mas estas tinham motivação política, com as candidaturas destes a prefeito em 1988 e 1992. Em 1997 o prefeito André Moura dá início as Cavalgadas da Amizade e da Gente, retirando-as do controle da família Amaral, ao se aliar com os dois irmãos (primeiro Waltinho e em seguida Carlinhos).

 
Marcadores

 

Além de ‘Seu Lulu’ e ‘Quinho’, merecem destaque outros mestres que deixaram suas marcas na História dos Festejos Juninos de Pirambu, a exemplo do espontâneo Gabriel de Zé do Porto, Carneiro, Marreta, Edvar e Davi. Em cada povoado, um marcador, a cada ano, um novo nome surgiu engrossando o ‘cordão’ de mestres da cultura popular.

 
Sanfoneiros

 

‘Desfilaram’ ao longo destes longos anos de festas juninas de Pirambu sanfoneiros como Euclides de Andrade (Kride), Antônio Bertoldo, Cícero, Zé Bengo, Francisco, Seu Arlindo, Beni, Léo do Acordeon, Zé Alexandre, e Seu Zé das Praias (pai de ‘Foló’).

 
As Quadrilhas

 

Difícil relacioná-las todas neste artigo, mas algumas tiveram uma passagem recente no repertório folclórico de Pirambu. Quadrilha das Tartarugas, Poeirinha e Bando de Cangaceiros (Pirambu), Milho Verde (Aguilhadas), Luar do Sertão (Maribondo), Cambucá Maduro (Baixa Grande), Meu Xodó (Lagoa Redonda), Flor da Ilha e Asa Branca (Alagamar) eram presença marcante em nossa maior manifestação da cultura popular.

 
Ugia de Pirambu

 

A Ugia é um grupo folclórico próprio do Ciclo Junino e endêmico de Pirambu. Durante muitos anos saiu as ruas de nossa cidade, aparecendo sazonalmente e anos irregulares. Saiu uma vez na década de 80, duas na década de 90 e uma nesta década. Em 2007 o Colégio Estadual José Amaral Lemos trouxe a Ugia às ruas de Pirambu.

 
A Escola e o Ciclo Junino

 

O envolvimento das escolas de nossa cidade, bem como dos povoados com o Ciclo Junino vem de muito longe, desde os anos 70. De lá para cá, evoluiu, mas realizando apenas como mais uma data do Calendário Escolar, as chamadas ‘datas comemorativas’. No final dos anos 90, a emergente Escola Experimental ( 1998/2007) deu início às cavalgadas e Arraiá Experimentá. Nesta década, foi a vez das escolas José Amaral Lemos (rede estadual)e Mário Trindade Cruz (rede municipal) promovem animadas cavalgadas e festejos juninos dentro de suas instalações, atraindo uma multidão ao interior das instituições.

 
Fogueira, fogos, comidas e bebidas típicas

 

O encontro das famílias, amigos em volta das fogueiras, a soltura de ‘traques’, bombas, chuvinhas, fogos de artifícios de maneira geral acontecei numa dinâmica muito peculiar, onde as pessoas se organizavam para celebrar os três santos, enfeitar as ruas, assarem o milho, degustar a batida, a canjica, a pamonha, o mungunzá. Hoje, a comercialização de produtos artesanais tem ocupado cada vez mais espaço nas mesas (e não nas ruas) das famílias de Pirambu.
* Professor de História, Sociedade e Cultura Sergipana da rede municipal e estadual de ensino em Pirambu

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