Por Agnaldo dos Santos Silva¹

A situação do Sistema educacional em Pirambu não é diferente dos demais municípios do Brasil no que diz respeito à sua ineficácia e baixo nível de qualidade. É claro que toda regra tem sua exceção. Temos experiências fantásticas elaboradas por professores em parceria com a equipe administrativa da escola, todos com o mesmo objetivo, promover o desenvolvimento intelectual dos alunos. Mas, fazendo uma análise geral das relações entre alunos/professores/direção e vice-versa, temos uma estrutura educacional corroída por vícios e vaidades típicas de uma cultura positivista e alienadora que almeja sempre a submissão do outro.
Se quisermos transformar essa realidade para melhor, sejamos dignos de fazer uma auto-avaliação de nossos atos, aceitarmos as críticas e respondê-las dentro do âmbito técnico-administrativo sem envolvimento de questões pessoais para evitarmos “os climas tensos” que por hora se instala nos ambientes escolares.
Devemos defender nossa honra com unhas e dentes. Não sou “Caxias”, apenas criterioso com o que digo e faço. O que se vê na maioria dos casos é o seguinte: um determinado indivíduo é indicado para assumir funções previamente estabelecidas em ”acordões”. A partir de orientações dos COMANDANTES os mesmos destroem toda uma estrutura muitas vezes para agradar aos interesses de quem o colocou naquela função de confiança. Pessoas com esse perfil, jamais deverão ser aceita em determinadas funções pelo fato de prejudicar todo um sistema. Vejam como é “hilário” as relações entre quem manda e quem é subordinado. Vamos exemplificar a partir da educação e que não é diferente em outros setores. A CÚPULA QUE COMANDA O MUNICÍPIO INDICA OS NOMES (GERALMENTE CABOS ELEITORAIS) PARA A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, DIREÇÃO, COORDENÇÃO E SUPERVISÃO ESCOLAR. ESTES POR SUA VEZ DEVENDO A CABEÇA, SE ESFORÇAM PARA AGRADAR AOS “CHEFES” E ENTÃO O BICHO PEGA. ALGUNS MOSTRAM LOGO AS UNHAS E IMPLANTAM UMA ESPÉCIE DE DITADURA. OUTROS SE MOSTRAM DEMOCRÁTICOS, MAS, NÃO CUMPREM NADA DO QUE DIZEM (HIPÓCRITAS) SEGUEM A CARTILHA DA CHEFIA E AINDA REFORÇAM A SUBORDINAÇÃO DIZENDO: “NÃO POSSO FAZER NADA, RECEBO ORDENS”. RESULTADO, QUEM ESTÁ NA BASE DESSA PIRÂMIDE LEVA TODO O IMPACTO. SÃO ELES: OS PROFESSORES, O PESSOASL TÉCNICO ADMINISTRATIVO E PRINCIPALMENTE OS ALUNOS.
E agora como reagir? Conto-lhes a minha experiência: “Em 2000 fui convidado, ou melhor, indicado para ser diretor da Escola Municipal Laudelina Moura Ferreira. Só aqueci a cadeira por mais ou menos três meses. Isso por não aceitar às regras impostas pela então secretaria de educação a Senhora Marta. Tentamos trabalhar a partir da socialização das idéias com a participação de todos os membros da escola, mas, fomos vetados. Havia interferência até na de decoração da escola, imaginem a situação. Em 2005, fui mais uma vez indicado para compor a equipe da recém-criada Secretária da Cultura com a promessa de que iria trabalhar a cultura local nas escolas. Fiquei mais tempo: um ano, isso porque disseram que a Secretaria era nova e que ainda não dispunha de recursos para se executar os projetos que criamos. Descobrimos então que a Câmara de Vereadores tinha aprovado para aquele ano um orçamento de mais ou menos dois milhões de reais para a Secretaria da Cultura. Logicamente cobramos execução dos projetos que criamos (Projeto Junino, Emancipação Política, Folclore, Conhecendo Nossas Origens). Fui atendido. Dispensaram-me. Voltei para o lugar onde nunca deveria ter saído, a sala de aula. Fico triste quando vejo meus colegas se envolverem nessas circunstâncias e que não procuram honrar pelo menos o nome que tem. É um medo terrível de romper com o sistema. E acaba interpretando as reações dos outros como uma perseguição ligada à pessoa física e não como uma cobrança do cumprimento do dever na esfera administrativa. Diante dessa realidade, o que não podemos admitir é o extremo da irresponsabilidade (alunos caminharem mais ou menos três quilômetros a pé por falta de transporte escolar – caso dos alunos do Sítio Lagoa no Povoado Baixa Grande; estudantes sendo transportados em ônibus com mais de dez anos de uso – caso da empresa que presta serviço à Prefeitura de Pirambu – Via Norte; alunos tomando água quente em balde porque não tem bebedouros na escola e passando mal por conta das salas de aula quentes, além das tentativas de inibir a livre expressão – caso Mário Trindade; professores tendo seus vencimentos cortados por falta de um Plano de Carreira decente – caso professores de Pirambu; falta de funcionalidade da Secretaria Municipal de Educação).
Se todos nós, respeitando naturalmente as hierarquias e procurarmos cumprir nossos deveres exigindo também nossos direitos é notório que as mudanças irão acontecer. Esse é o princípio da gestão democrática que já era pra ter sido implantada em nosso município. Precisamos aprender a ouvir e dar a resposta na medida e no momento certo. Claro que da forma como deve ser, democrática, porque no geral a mesma também tem lá seus vícios. Agora, sabemos das limitações (falta de consciência política, falta de autonomia, de livre opinião), de certas pessoas (secretários, diretores, coordenadores, supervisores e até mesmo professores) que se tornam fieis cordeiros dos interesses de uma pessoa (prefeito) ou de um grupo de pessoas (prefeito e companhia ilimitada) para reproduzir interesses politiqueiros, paternalistas, assistencialistas, adjetivos que se resumem numa palavra: corrupção. E aqueles que estão na base desse processo e que se submetem a esse tipo de circunstância só constroem inimizades, tornando-se excelentes alunos na arte de massacrar o próximo em troca de migalhas. São indivíduos alienados, egocêntricos, limitados pelo discurso hipócrita da classe dominante.
Mas, alguém pode chegar e me dizer: não seja utópico, vivemos em um mundo capitalista. Posso seguramente responder: se deixarmos de olhar somente para o nosso umbigo, sem dúvida juntos, teremos condições de mudar esse quadro em todos os aspectos: educacional, político, econômico e cultural.
Abaixo o efeito irrescorrupmaresia² que se instalou em Pirambu!
¹Agnaldo dos Santos Silva, pai de aluno, professor da rede municipal de ensino de Pirambu, cordelista, ativista cultural e sindicalista.
²Neologismo – mistura de irresponsabilidade + corrupção + maresia = corrosão do sistema.
 
 
 

 
 
 

 
 
 
 

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